Projeto do Mais Ciência ajuda a diagnosticar e tratar importante zoonose em Campos

O projeto ainda tem como foco a realização de ações educativas para proprietários e comunidade escolar

Promover ações para ajudar a diagnosticar e tratar a esporotricose, uma zoonose de grande importância em saúde pública. Esse é um dos principais objetivos de “Esporotricose em Campos dos Goytacazes: uma questão de saúde pública”, projeto vinculado ao programa Mais Ciência, da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (Seduct), e realizado em parceria direta com o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ). O projeto ainda tem como foco a realização de ações educativas para proprietários e comunidade escolar. O trabalho foi mantido no ciclo atual do Mais Ciência após recomendação técnica do CCZ, o que garante sua continuidade operacional e acadêmica.

Coordenado por Adriana Jardim de Almeida, professora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), o projeto busca identificar casos por meio de coleta laboratorial, oferecer orientações sobre profilaxia e encaminhar pessoas com lesões suspeitas para atendimento médico especializado. “O projeto de extensão é atrelado à pesquisa pela busca das principais espécies do fungo circulantes na região, os principais fatores de risco envolvidos no ciclo de transmissão da doença, os principais bairros acometidos, dentre outras questões importantes para a compreensão da dinâmica complexa que envolve essa zoonose”, afirma Adriana. Entre as atividades previstas estão mapeamento de áreas com maior incidência e oficinas educativas voltadas a escolas e feiras de ciências.

Nos últimos 12 meses, o projeto já diagnosticou 253 casos positivos em cães e gatos. Dentre os positivos, 93,67% eram felinos e 6,32% caninos. Dentre os felinos positivos, 62,02% não eram castrados, 57,80% tinham acesso à rua e 62,86% eram machos. Os tutores que apresentavam lesões suspeitas foram encaminhados para atendimento médico. Os atendimentos clínicos aos animais ocorrem no Hospital Veterinário da Uenf e UBS Pet, enquanto as pessoas com lesões suspeitas são atendidas no Centro de Saúde Escola Custodópolis (CSEC), em uma parceria entre o projeto e a Faculdade de Medicina de Campos (FMC).

A atuação em campo é realizada em conjunto com o Centro de Controle de Zoonoses, que fornece insumos como swabs estéreis, e com a Unidade Básica de Saúde Pet, onde as análises laboratoriais são feitas. Os resultados são comunicados aos médicos veterinários responsáveis por cada caso para que o tratamento seja adequadamente prescrito. O CCZ acompanha de perto cada etapa do trabalho e garante a integração entre diagnóstico, notificação e orientação aos proprietários.

“Todos os procedimentos são feitos de forma gratuita. Sendo confirmado o diagnóstico, é confeccionada uma receita do próprio projeto, viabilizando a aquisição do tratamento por intermédio do CCZ”, explica Marcelo Maeda, agente do centro e responsável pelo acompanhamento.

Além dos procedimentos clínicos, o projeto prevê palestras com ênfase em medidas de prevenção e cuidados no convívio com animais. As ações educativas privilegiam linguagem acessível e atividades demonstrativas, para tornar as recomendações aplicáveis no cotidiano das famílias. O mapeamento das áreas mais afetadas orientará futuras campanhas mais direcionadas e eficientes.

A esporotricose é uma doença frequente em Campos dos Goytacazes, afetando não só felinos — que são o principal reservatório da doença — mas outras espécies de animais e o homem, conforme ressalta Adriana. “Para a contenção dessa zoonose, é necessária uma abordagem integrada que envolva o diagnóstico precoce, tratamento, medidas de prevenção e de controle”, afirma. A doença é causada pelo fungo Sporothrix spsp, e a transmissão entre animais e humanos torna a vigilância um tema de saúde pública.

O vínculo com o programa Mais Ciência dá ao projeto suporte institucional e financeiro para seu desenvolvimento e articula a iniciativa com outras ações municipais de pesquisa e extensão. “O projeto está alinhado com as necessidades do CCZ e permite que os bolsistas atuem dentro dos órgãos públicos, o que enriquece tanto a formação acadêmica quanto a resposta técnica aos problemas do município”, afirma Leonora Tinoco, coordenadora do Mais Ciência.

A expectativa é que os dados gerados orientem políticas de prevenção e ampliem o alcance das campanhas de orientação junto a tutores e escolas. O fortalecimento das parcerias entre Seduct, CCZ e Uenf também abre caminho para intervenções mais direcionadas nas áreas mapeadas, consolidando uma estratégia local de vigilância e cuidado que integra ensino, pesquisa e serviço público.

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