Gabinete de Crise aponta queda ainda lenta de casos de dengue e chikungunya

Ações intensificadas de combate ao vetor permanecerão com apoio do Exército Brasileiro, além de ganhar reforço do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 1ª Região

O número de casos de dengue e chikungunya das últimas quatro semanas mantém padrão de platô em queda lenta, em Campos. A informação foi divulgada na 4ª Reunião do Gabinete de Crise da Dengue e outras Arboviroses, que aconteceu na manhã desta quarta-feira (8), no auditório da Prefeitura. Diante deste cenário, o município irá manter as ações de prevenção e combate ao mosquito que, além do apoio do Exército Brasileiro, passará a contar com o Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 1ª Região (CRECI-RJ) com foco nos imóveis que, em uma média de 25%, são encontrados fechados durante as visitas do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ).

Estiveram presentes na reunião, em formato híbrido, o secretário municipal de Saúde, Paulo Hirano; o subsecretário Vigilância em Saúde (SUBVS), Charbell Kury; a diretora da Procuradoria da Saúde, Isabela Ulliam; o diretor do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), Luciano Souza; os representantes CRECI-RJ, a delegada Edilza Mothé e o conselheiro Manoel Leandro Neto; o subsecretário de Governo, Henrique Oliveira; o secretário Obras e Infraestrutura, Fabrício Ribeiro; a secretária de Limpeza Pública, Simone Muniz; além de representantes do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS/SES-RJ).

De acordo com Paulo Hirano, o período ainda é de emergência em saúde pública, como determinado no início de março, quando houve a explosão de casos, visto que diferente de outras regiões do Estado, a Região Norte se encontra em estabilidade, mas ainda com elevação dos casos das doenças.

“Ainda não houve uma queda significativa no número de casos. Nessa quarta reunião do gabinete, tivemos a constatação estatística de vários indicadores e, por isso, decidimos continuar com as ações aceleradas, no sentido de acolher aqueles que adquirem a dengue e, assim, evitarmos o mau maior que seria o óbito desse paciente”, explica o secretário.

Campos contabilizou até o dia 7 deste mês, 10.917 notificações para dengue e 497 para chikungunya. Deste total, há o registro de dois óbitos em decorrência das doenças. Houve quase 300 internações. “Isso mostra que o nosso nível de assistência à população está adequado, pois desde o início da elevação dos casos, decidimos pela descentralização assistencial. Todas as nossas Unidades Básicas de Saúde estão treinadas para atender esses pacientes em nível inicial da contaminação, do diagnóstico, além das unidades de urgências e emergências, do Centro da Dengue e hospitais que estão à disposição quando for necessário”, completou Hirano.

Charbell Kury ressaltou que o platô da Região Norte está subindo e, isso mostra que não vai baixar tão rápido como era esperado.

“Além disso, a região se tornou de interesse para chikungnunya. Todas as regiões do Estado estão descendo, mas a Norte está subindo. O platô de descida está lento e isso tem vários fatores: nós estamos sem vacinas, estamos vivendo uma onda de calor com temperaturas acima de 23º C que favorece a transmissão e isso faz com que tenhamos muitos casos na cidade”, disse o subsecretário, acrescentando que esta epidemia é a pior dos últimos 10 anos, perdendo apenas para a de 2013, quando houve a circulação do sorotipo 4 da dengue.

NOVO REFORÇO

O diretor do CCZ, Luciano Sousa, destacou que as ações realizadas pelo órgão, sejam elas em conjunto com as secretarias e órgãos da municipalidade ou com o Exército Brasileiro, têm apresentado resultado positivo, conforme o Levantamento Rápido de Índice para Aedes aegypti (LIRAa).

“Nossos mutirões são atuantes, baseados nos dados do SINAN, então aquela localidade que tem um índice maior e mais casos de dengue constatados é onde a gente atua prioritariamente. Entretanto, as casas fechadas comprometem um pouco o resultado das ações, mas a gente tem feito um cinturão em volta dessas casas para evitar a proliferação do mosquito de forma indesejada”, ponderou.

Dos imóveis visitados pelo CCZ, 25% são encontrados fechados, sendo a maioria deste com placa de aluguel ou venda. E, para sanar essa lacuna, o CRECI-RJ vai autuar junto aos proprietários e as corretoras de imóveis. Para essa nova mobilização, será criado um protocolo de notificações, cartilha informativa, checklist de vistorias e orientações acerca da legislação vigente.

“A responsabilidade pelos imóveis é compartilhada com o proprietário. Apresentamos algumas possibilidades e vamos levar isso para as reuniões semanais que são feitas com as empresas para alinhar essa atuação e os alertas juntos aos proprietários. Também ficou definido que haverá uma nova reunião do CCZ e Charbell Kury com nossa equipe, mas a ideia é o corretor atuar junto com o planejamento das ações do CCZ. A data ainda será definida”, explicou Manoel Leandro Neto.

De acordo com Edilza Mothé, em Campos há 60 imobiliárias com CNPJ, mas também tem os corretores anônimos. “São cerca de 900 corretores credenciados”, informou a delegada.

O município também irá oficializar o Comando do Leste com o intuito de prorrogar o apoio dos soldados da 2ª Companhia de Infantaria por mais 30 dias. Através do Faxinão da Dengue e das ações com apoio do Exército Brasileiro, foram visitados 18.412 imóveis e 961 terrenos baldios, com 852 focos identificados e eliminados.

IMPORTÂNCIA DA VACINAÇÃO CONTRA A DENGUE AINDA ESTE ANO

Charbell Kury explicou que a estratégia para iniciar a vacinação contra a dengue está pronta e será feita por meio do Programa Saúde na Escola (PSE). “É uma vacina extremamente eficaz. O percentual de eficácia é de 80% de chance de não ter dengue e 90% de não haver hospitalização. São dois resultados muito importantes da vacina. É segura, imunogênica e com pouquíssimo evento adverso. Não tem porque os adolescentes não se vacinarem”, explicou o especialista.

O especialista alertou ainda para a possibilidade de um surto ou epidemia de chikungunya no próximo ano. “No momento em que a vacina da dengue chegar e conseguimos vacinar a população, o que pode acontecer? O mosquito só consegue carregar um vírus e, com a vacina da dengue, ele vai optar por carregar chikungunya, então a preocupação é a gente ter um surto ou uma epidemia da doença. Por isso precisamos trabalhar agora, vacinar e preparar o trabalho de campo, principalmente junto com o Creci, que deve ser contínuo”, declarou.

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